A beleza dos azulejos portugueses chama a atenção quando passeamos pelas ruas de lá. Porém, mais do que o impacto visual e decorativo, o azulejo conta a história do País. Está nas fachadas, em monumentos, Igrejas e Palácios.
Como uma arte originalmente árabe se tornou tão portuguesa? Fiquei curiosa e durante nossa visita ao Norte de Portugal fui pesquisar.

Os azulejos foram introduzidos pelos árabes na Península Ibérica no século XIV. À medida em que conquistavam terras, construíam seus palácios e mesquitas e os decoravam com azulejos. Na época era símbolo de ostentação!
A palavra azulejo vem de azzellj, que significa pequena pedra polida. A base do azulejo é a argila, abundante no Norte da África. As cores, até então, eram obtidas através do pó de alguns minerais. O azulejo é uma peça de cerâmica com pouca espessura, na maioria das vezes em formato quadrado, sendo uma das superfícies vidrada em consequência da cozedura do revestimento, tornando-se desta forma brilhante e impermeável. Teoricamente, por ser cerâmica deveria ser barato, mas o processo trabalhoso e inteiramente manual faziam do azulejo, àquela época um artigo caro e de acesso restrito.
Em 1498, numa viagem à ao sul da Espanha, o rei D. Manuel I, teria ficado encantado com o brilho daquele material e quis importar os azulejos para decorar as paredes do Palácio Nacional de Sintra, residência real.
As primeiras olarias portuguesas começaram a surgir em Lisboa, em 1560. A arte aprendida com os árabes foi introduzida no Ocidente. Ao longo dos anos, os portugueses passaram a desenvolver suas próprias técnicas.
Assim floresce a indústria do azulejo. A nobreza e o clero passam a fazer encomendas para preencher paredes de Igrejas, Conventos, Palácios, Fontes e Jardins.
A Igreja portuguesa começa a usar o azulejo da mesma forma que a Igreja francesa utilizava os vitrais: para reproduzir em painéis cenas religiosas e ensinar sobre o cristianismo para quem não sabia ler.
Já nos Palácios os azulejos serviam para representar feitos militares, cenas de batalhas, de caças. Uma forma de contar a história e mostrar poder.
Rapidamente, o azulejo se tornou uma expressão da arte nacional portuguesa. As classes mais pobres passam a usar os azulejos apenas no final do século XIX, quando a fabricação passou a ser mecanizada. Com a redução do custo, a arte ganha mais popularidade. Sai dos palácios e Igrejas e ganha as fachadas dos edifícios, tornando-se um elemento importante da arquitetura de Portugal. Com esse movimento, as fábricas de expandem e painéis de azulejos passam a ser assinados por artistas consagrados.
Além do impacto visual, percebe-se a praticidade do azulejo. E em pouco tempo a peça se torna uma solução decorativa mais resistente para cozinhas e banheiros. Na fachada, protegem a casa da umidade e do frio, encobrem erros de construção, facilitam a limpeza, eliminam a necessidade de pintura e são de fácil substituição.

Portugal é conhecida como a capital mundial dos azulejos e essa arte no País já viveu fases distintas. O padrão azul e branco surgiu no século XVII e teve influência das porcelanas chinesas, já que era uma época de troca comercial com o Oriente.
A arte da azulejaria é tão valorizada em Portugal que existe até um Museu Nacional do Azulejo, em Lisboa.
Durante nossas andanças pela região Norte de Portugal, pudemos admirar painéis incríveis e aprender com eles.